Por Bruno Rico
E eis que a morte da lenda Kobe Bryant joga uma luz no racismo da dona Rede Globo.
Mas hoje eu vou deixar o comunicador Bruno falar de tudo isso de uma forma bem técnica, porque como o racismo estrutural é algo enraizado na gente (inclusive nos próprios negros), tem analfabeto funcional que vai entender com mais facilidade deste jeito, ou não.
Mas acompanha aqui o raciocínio…
Na Comunicação Social existe um estudo bem interessante que se chama semiótica; a semiótica — uma das minhas matérias preferidas na faculdade — traça a análise dos signos, e signo é tudo aquilo que expressa o significado e sentido de algo. Por exemplo, tem gente que diz que todo preto deveria se sentir honrado de ser chamado de macaco porque este é um animal extremamente inteligente, e de fato é, mas a questão é que por conta da Teoria da Evolução de Darwin, chamar um preto de macaco significava dizer que ele não evoluiu ao patamar de homo sapiens, o popular humano, logo, chamar uma pessoa de macaco (mesmo ele sendo inteligentíssimo) é um signo do racismo, assim como a banana também, que quando lançada a uma pessoa negra representa mais um signo do racismo (lembra do Daniel Alves?), pois o racista taca no sentido de ofender, essa é a intenção principal, pois ele tem noção do que aquilo significa.
Recentemente o filho do Mussum disse que o Renato Aragão deixava bananas na cadeira do camarim do Mussum na intenção de diminuí-lo.
Enfim, eu poderia ficar aqui escrevendo diversas laudas sobre signos e sua relação direta com o racismo estrutural, mas quero focar basicamente em dois signos aqui: o textual e o de imagem, usado constantemente para reforçar o racismo da nossa mídia.
Na primeira imagem aqui temos duas chamadas para a morte do Kobe, a primeira cumpre o seu papel informando da morte e ainda dizendo como foi, a segunda (do O Globo) possui um título maior e, além de não dizer como morreu, enfatiza um caso antigo de estupro bem conturbado que foi resolvido nos tribunais em um julgamento que nem a vítima foi, mas isso é outra história também, só quero enfatizar que estamos falando da morte de uma lenda do basquete, batedor de recordes, vencedor até do Oscar, é sério que eles não conseguiram achar outra referência de chamada para um homem negro no dia da sua morte trágica com sua filha?
Daí, fazendo um link com tudo isso, temos uma matéria que saiu recentemente, do mesmo jornal, e que também me incomodou bastante. O racismo desta matéria deve ter passado despercebido por muitos, mas meu olhar de comunicador e ativista negro logo se perguntou “Por que a referência de imagem precisa ser um ambulante negro com um rosto com mosaico? É ele que está vendendo a droga?”, já que quando este mesmo veículo fala que estudantes vendem drogas nas universidades, a gente nunca vê a foto dos criminosos, aliás, pega os principais casos de racismo que saíram na mídia, procura a foto do racista, ela sempre é preservada, diferente da imagem da vítima, e tudo isso tem um propósito, que é o de implantar na nossa mente que a maldade e os crimes precisam sempre ter relação direta com a figura negra, em especial os homens, é um processo de animalização que dá uma tese de estudo gigante, mas por ora eu fico por aqui com pequenos exemplos.
Quem entendeu, ok, quem achou que é mimimi, ok também, porque nem todo mundo está evoluído mentalmente pra compreender essas questões, até porque antes de qualquer estudo, elas exigem sensibilidade, e essa anda sendo uma característica rara hoje em dia.
“Recebe o mérito, a farda que pratica o mal, me ver pobre, preso ou morto já é cultural.”